Cadeirante Cria Projeto para Avaliar Acessibilidade em Bares e Restaurantes
Acessibilibar: Avaliação e Credenciamento de Estabelecimentos Acessíveis em Belo Horizonte
Aline Castro, uma mulher que nasceu com atrofia muscular espinhal, sempre precisou usar uma cadeira de rodas para se locomover. Moradora de Belo Horizonte, uma cidade conhecida como a “capital dos bares” devido à grande quantidade de estabelecimentos, ela leva uma vida ativa. No entanto, apesar de frequentar vários locais de lazer, Aline constantemente enfrenta dificuldades devido à falta de acessibilidade nesses espaços. Por isso, ela decidiu criar o Acessibilibar, um projeto inovador que avalia a acessibilidade de bares e restaurantes para pessoas com deficiência (PCD).
Como Surgiu o Acessibilibar
Primeiramente a ideia de Aline para criar o Acessibilibar veio de suas próprias experiências e também da crescente demanda de outras pessoas com deficiência que buscavam informações sobre a acessibilidade em Belo Horizonte. Muitos entravam em contato perguntando sobre a acessibilidade de determinados locais. “Infelizmente, apesar de a acessibilidade ser uma lei, muitas vezes ela não é cumprida devido à falta de conscientização”, explica Aline. Assim, unindo suas vivências à necessidade coletiva, ela lançou o projeto.
Funcionamento do Projeto
O Acessibilibar, liderado diretamente por Aline, envolve visitas a bares e restaurantes para avaliar vários critérios essenciais que garantem uma experiência acessível para todos os clientes. Quando um estabelecimento atende aos critérios, ele recebe o selo Acessibilibar, que pode ser exibido pelo proprietário. Durante as avaliações, Aline analisa itens como rampas ou elevadores em vez de degraus, banheiros adaptados, e mesas e cadeiras na altura padrão para cadeirantes. Além disso, ela verifica se os estabelecimentos oferecem cardápios físicos e digitais, algo crucial para pessoas com deficiência visual ou dificuldades de comunicação.
Reflexões sobre a Acessibilidade no Brasil
Aline também compartilha reflexões importantes sobre a situação da acessibilidade em Belo Horizonte e outras cidades do Brasil. Ela acredita que o principal desafio para as pessoas com deficiência não é apenas entrar nos estabelecimentos, mas também permanecer neles com dignidade e conforto. “Percebo que muitas pessoas sequer sabem o que é acessibilidade”, afirma. Embora algumas regiões do Brasil, como o sul do país, sejam referências em acessibilidade, Aline ressalta que ainda há muito a ser feito em cidades como Belo Horizonte e Brasília. “Fiquei surpresa com a falta de infraestrutura em Brasília”, comenta, referindo-se à escassez de rampas em faixas de pedestres.
Conscientização e Responsabilidade Compartilhada
O Acessibilibar também busca conscientizar tanto os empresários quanto o público em geral sobre a importância da acessibilidade. Para Aline, a acessibilidade deve ser uma responsabilidade compartilhada entre o Estado, os empresários e a sociedade. “A acessibilidade precisa ser uma prioridade tanto para o governo quanto para os cidadãos. É necessário apoio governamental para a implementação, fiscalização e conscientização, mas é igualmente essencial que os donos de estabelecimentos compreendam a importância de tornar seus espaços inclusivos”, conclui.